Já ouvi muitas mulheres dizendo: “Bem, eu vou tentar neste relacionamento! Se não der certo, fazer o quê?!”. A prática, muito distante da teoria, é que cada relacionamento transforma, mexe com a gente e às vezes também nos rouba. Sim! Rouba sua esperança, sua vontade de construir um futuro e sua confiança no relacionamento.
Relacionamentos abusivos ou mal resolvidos destroem aos poucos quem você é e tiram pedaços importantes de você. Não à toa, muitas mulheres terminam casamentos e ficam com o pensamento: “Nunca mais quero me casar!”. Isso aconteceu comigo. Eu sei do que estou falando. Isso acontece muito porque a experiência de ter uma vida a dois foi traumatizante.
A confiança no relacionamento é um sentimento. É a ação de quem se sente confiável e confiante, pois acredita no outro e nas ações corretas que ele terá diante das várias situações da vida. O problema é que muita gente não confia. Ou porque não é uma ação natural da pessoa, pelos muitos traumas que carrega, ou por interpretar errado as ações do companheiro. E quando o caso é de desconfiança, o relacionamento passa de algo divertido a ser um problemão, né? Você fica estado de alerta o tempo todo porque se sente ameaçada, o que faz com que você tome decisões irracionais.
Mas como controlo meu ciúme?
A grande questão aqui é: para se relacionar é preciso confiar! Confiança no relacionamento é a alma do negócio. O pesquisador e psicólogo Thiago de Almeida, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, chegou à conclusão que quanto mais o parceiro é ciumento, maiores as chances de ser traído. O pesquisador entrevistou 45 casais paulistanos heterossexuais, de diferentes idades e classes sociais, com pelo menos seis meses de relacionamento.
Para completar, uma pesquisa sobre sexualidade na América Latina mostrou que o Brasil apresenta os mais altos índices de infidelidade. O Instituto Tendências Digitales fez entrevistas em 11 países da região. Entre os homens, o índice dos que já pularam a cerca chega a 70,6%. As brasileiras não deixa por menos: são as que mais traem na América Latina, com ao menos um relacionamento extraconjugal, chegando ao índice de 56,4%.
O pior aconteceu. E agora?
Taças de cristais em cima da mesa da cozinha. Elas eram herança da família. A luz entrava pela janela e refletia nas taças. Só usava em jantares ou almoços especiais. De repente, cachorros e crianças entram correndo pela casa. Eu grito para que corram lá fora. Não adianta!
As crianças correm atrás do cachorro que, por sua vez, corre atrás do gato. O gato pula no balcão e depois no chão. O seu rabo derruba as taças. Olho para os cacos no chão sem acreditar: as taças estão quebradas!
Anos depois, estou novamente olhando para o chão da cozinha com a mesma sensação. Agora, penso em como me sinto quebrada por dentro. Uma traição não é fácil de superar. É exatamente como quebrar taças de cristais: quase nunca tem conserto.
O problema não é só superar o erro da traição, mas confiar de novo. E se você já foi traída, sabe do que estou falando. Confiar novamente em alguém, depois de se ver totalmente sem chão, é como dar um salto livre num abismo no qual você já se machucou uma vez. Ainda que seja com outra pessoa.
É uma decisão! E como todas as decisões da vida, precisam de responsabilidade. Você tem que lidar com o adeus ou com a nova chance. O que não dá é para continuar num relacionamento ressuscitando a situação nos piores momentos, sempre trazendo o assunto da traição quando brigam, sempre jogando um na cara do outro como ambos falharam.
Conversar, dialogar, refletir e debater. Não se canse de falar sobre como se sente ou do que precisa para sentir-se mais segura. Não falar também é dar brecha para que, lá na frente, esse sentimento de insegurança se torne algo incontrolável.
Como confiar novamente?
Toda queda gera cicatrizes. A cicatriz de uma traição são o ciúme e a insegurança. Mas você me pergunta: “Cátia, o que fazer se eu não consigo confiar em ninguém?”. Eu poderia fazer como outras pessoas e te dar “10 passos para confiar em alguém”, mas não farei isso! Por quê? Porque cada uma tem uma história, cada problema tem uma raiz e chegou a hora de parar de seguir a “dieta dos outros”. A fórmula mágica, principalmente no que diz respeito a relacionamentos, não existe.
Quer mesmo superar o ciúme e a desconfiança? Comece entendendo de onde eles vêm. Nem sempre eles são apenas resultado de uma traição. Às vezes é só o medo de posse ou de perda falando mais alto.
Antes que você comece a refletir sobre a raiz desse sentimento é importante que busque colocar-se no centro dessa pesquisa interna. Mergulhe em você mesma! Permita-se ser sincera com você mesma e enxergar suas atitudes. Uma grande mudança acontece em nossas vidas quando assumimos a responsabilidade do que acontece conosco.
Imagine comigo uma mulher independente, que gosta de si mesma, que tem segurança em suas curvas, sensualidade, inteligência, que é admirada pelos homens e mulheres que conhece, que também é companheira e amiga de seu esposo. Essa mulher existe! Ela se sente insegura às vezes? Certamente, sim. Mas também reflete ao seu marido o poder que tem ao dizer nas entrelinhas: eu não preciso de você, e mesmo assim escolho ficar contigo.
Essa mulher sente ciúmes? Com certeza! Mas esse sentimento natural passa quando ela se lembra que é comum ter interesse sexual pelo outro (incluindo por desconhecidos). Porém, o motivo para manter um relacionamento vai além do prazer sexual.
Em resumo, se você consegue perceber suas qualidades, busca seus sonhos e a felicidade, não há quem resista a isso. Mas se transmite insegurança, arma barracos homéricos ou emburra e fica sem falar com o companheiro ao primeiro sinal de ameaça: você precisa mudar! Essa é a hora. É agora ou nunca. Ou você prefere ter mais um relacionamento roubando pedaços seus?
Observação: Estamos aqui falando de um ciúme no comum, aquele sentimento interior de perda. Se o ciúme que você sente gera transtornos e alucinações, procure um profissional. Isso é patológico e não deve gerar culpa. Mas é importante tratar, para ter mais confiança no relacionamento!