Você é a melhor versão de si mesma na cama? Já realizou fantasias sexuais, tem vontade de experimentar e propor novas ideias? Essas perguntas são um bom termômetro para descobrir se você está entre as 44% das mulheres que revelam, segundo a pesquisa da Mosaico 2.0, do Hospital das Clínicas de São Paulo, estarem insatisfeitas com a sua vida sexual. É por isso que a insegurança na cama atinge tantas mulheres no país.
Se pensarmos que esse número representa que quase metade das brasileiras não é completamente feliz na cama, chegamos às perguntas: quais são os motivos para que isso aconteça? Será que os homens sabem o que se passa na cabeça das suas parceiras, ou o sexo é um tabu dentro dos relacionamentos?
Para respondermos a essas questões, nada melhor do que uma boa autoavaliação, afinal de contas, as mulheres podem ser diferentes umas das outras em diversos aspectos, mas em determinados assuntos, como o sexo, todas nós temos algo em comum: a cultura de repressão sexual feminina e todos os seus desdobramentos.
Preparada para descobrir os principais fatores que levam à inibição na hora H, e começar a escrever uma nova fase da vida, mais feliz, segura e confiante? Vamos lá!
Como vencer a insegurança na cama?
Repressão sexual
Esse é um dos principais fatores que contribuem para a insegurança na cama. Apesar de várias conquistas femininas ao longo da história, o sexo ainda é um “território proibido”, sobre o qual pouco se fala, mas muito se condena.
Um dos grandes feitos feministas, e que marcou a história da emancipação sexual das mulheres foi o surgimento da pílula anticoncepcional. Afinal de contas, antes dela, o sexo socialmente aceito era aquele dentro do casamento, com o intuito de procriação e satisfação dos desejos masculinos. A mulher, portanto, não tinha o direito de legislar sobre o seu corpo no que dizia respeito à gravidez.
Depois dessa, outras conquistas foram sendo alcançadas, e, hoje, a mulher pode escolher com quem se relaciona, como, e quando. Mas as cicatrizes de um histórico de repressão ainda são sentidas, até mesmo por aquelas que não viveram o auge de uma sociedade predominantemente e assumidamente machista. E é exatamente por isso que muitas de nós ainda não vivemos nossa sexualidade com plenitude.
Se você acredita que essa falta de liberdade social nunca influenciou na sua vida, repense. Se você já deixou de transar em um primeiro encontro por receio do que o homem pensaria, ou se na hora H não pediu aquilo que gosta e que lhe dá prazer pelo mesmo medo de sofrer julgamentos, bem-vinda ao século XXI, época em que as mulheres ainda se podam por medo da reprovação masculina.
Vergonha do próprio corpo
Os padrões de beleza ditam o que é feio e bonito desde os primórdios da humanidade. Na Grécia Antiga, as mulheres consideradas belas tinham pele branca, coxas e cinturas largas. Já na Era Vitoriana, a sociedade impunha o uso do espartilho, porque a cintura fina e seios fartos eram os padrões de beleza da época.
Pois bem, centenas de anos depois, cá estamos, e apesar de também termos padrões pré-concebidos, as mulheres nunca foram tão escravas de um ideal de beleza – e mesmo aquelas que se enquadram no conceito definido pela indústria da moda não estão confortáveis com o seu corpo.
É o que revela uma pesquisa feita pela Sophia Mind, uma das mais renomadas empresas no ramo de pesquisa feminina: 92% das mulheres se sentem insatisfeitas com aquilo que veem no espelho. Ou seja, nós somos as responsáveis pelo maltrato da nossa autoestima, porque estamos constantemente em busca de uma beleza irreal e produzida, tratada em programas de edição de imagens e que em nada reflete os padrões brasileiros. O resultado? Não há como fugir da frustração, insatisfação com o próprio corpo, do autojulgamento e, inevitavelmente, da insegurança na cama.
E não estar confortável consigo mesma na hora h é a receita para um sexo que não vai atingir o seu potencial, e, novamente, vai acabar gerando frustração. A solução? Ela vai além de fazer as pazes com o espelho. Antes disso, é preciso se autoaceitar, reconhecer o que pode ser melhorado e ir em busca da melhor versão de você mesma, sem falsas projeções ou tentativas de se enquadrar em determinados padrões.
Medo de parecer vulgar
Se você sente medo de parecer vulgar na cama, e, por isso, não vive a completa expressão da sua sexualidade, é hora de rever a sua postura. Isso porque poucas coisas na vida são tão livres do que o bom sexo.
E digo bom sexo porque transa por transa existem aos montes por aí. O bom sexo, no entanto, é aquele em que o território é neutro, a imaginação é o limite e os preconceitos ficam trancados do lado de fora do quarto. Ou seja: a cama é uma zona livre, e se há a sensação de que, nela, você não pode ser quem realmente é, algo não vai bem e precisa ser mudado – nem que seja o parceiro.
O problema é que, quando as mulheres se contêm e não expressam aquilo que realmente querem ou sentem na cama, elas já estão sucumbindo ao machismo social, e mais importante do que isso, deixam de ser felizes e de viver a sexualidade na sua totalidade.
Como ter mais cumplicidade com o parceiro?
Só existe uma forma de vencer a insegurança na cama, os resquícios da repressão sexual, a vergonha do próprio corpo e o medo de parecer vulgar na cama: o diálogo.
Apesar de ser uma solução simples para ter mais cumplicidade na relação, muitas mulheres ainda não conseguem expor para os seus parceiros as preferências e percepções da sua vida sexual, por medo de não enfrentar a não compreensão e, além disso, de afrontar o temido orgulho masculino.
O problema é que, quando não há diálogo, não há verdade nem na vida e nem no sexo: o que poderia ser melhorado vai permanecer ruim, as descobertas não vão provocar sensações novas e o prazer – da mulher, é claro – vai continuar sendo colocado em segundo plano.
Você quer ter uma vida sexual mais feliz e prazerosa? Quer deixar a insegurança na cama de uma vez por todas? Acredite, só depende de você: se exponha, converse, assuma suas vontades e faça prevalecer o seu poder de escolha. Tenho certeza que, assim, você vai se sentir ainda mais incrível e segura de si – e o mais importante de tudo, orgulhosa pela mulher que se tornou.