Dor nunca é um bom sinal, e quando ela está ligada a uma atividade que deveria ser prazerosa, se torna uma condição ainda mais desagradável. E, como especialista em sexo, eu digo que não é raro ouvir relatos de mulheres que sentem dor durante o sexo, e que, por isso, não conseguem ter uma vida sexual saudável. Você já ouviu falar em dispareunia? É sobre isso que vou falar hoje!
Para saber mais sobre a dispareunia, assista ao vídeo a seguir.
O que é dispareunia?
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Um estudo, feito em 2008 e publicado pela revista Menopause, revelou que 40% das mulheres sofrem de dispareunia, uma condição que faz com que a penetração seja extremamente dolorosa. Mas esses números são imprecisos, uma vez que grande parte das mulheres que sente desconfortos durante o sexo acabam não procurando ajuda por vergonha ou por achar que tem algum problema sem solução. Por isso, a incidência da dispareunia tende a ser ainda maior do que imaginamos.
Apesar de ser uma disfunção bastante frequente, pouco se fala sobre ela, o que é um tremendo equívoco, já que ela impede que a mulher desenvolva uma vida sexual prazerosa.
Já pensou associar o sexo à dor, ao ponto de não ter vontade nenhuma de transar? Pensando nisso, eu preparei três tópicos que vão ajudar a colocar a dispareunia em pauta.
- Desmistificando a dispareunia
- As consequências de manter relações sexuais sentindo dor sem procurar ajuda
- As principais causas de dispareunia
- Causas físicas da dispareunia
- Causas psicologicas da dispareunia
- Sintomas da dispareunia
- Tipos de dispareunia
- Consequências da dispareunia no relacionamento
- Faça o teste e descubra se você tem dispareunia
- Dispareunia x vaginismo
- Como se trata a dispareunia?
- Em que idade a dispareunia costuma se manifestar?
Ao final, tenho certeza que, se você sente essas dores frequentes durante o sexo, vai ficar muito mais segura para procurar ajuda médica, da mesma forma que, se não convive com a disfunção, vai poder ajudar amigas próximas que podem estar passando por essa situação.
Desmistificando a dispareunia
Como já vimos, a dispareunia é o nome dado para as dores frequentes durante o sexo, que podem ser classificadas de duas formas: superficial, quando o desconforto é sentido na entrada da vagina, na abertura da uretra ou no clitóris, ou de profundidade, quando há a presença de dor pélvica.
Mais importante do que saber o seu significado é entender o que leva as mulheres a conviverem com a dispareunia.
Um estudo realizado em uma Clínica da Família no Rio de Janeiro (RJ), publicado na Revista Brasileira de Sexualidade Humana, fez uma pesquisa com 300 mulheres com idade média de 36 anos que apontou que quase 10% das entrevistadas nunca tiveram um orgasmo. Mais de 20% delas sentem dor durante as relações sexuais com os seus parceiros, e destas, 35% não procurou ajuda médica.
As consequências de manter relações sexuais sentindo dor sem procurar ajuda:
Aproximadamente 70% das mulheres entrevistadas, sentiram diminuição do desejo sexual. Mesmo com 60% delas acreditando que a relação sexual interfere na qualidade de vida, mudando o humor, no bem-estar e diminuindo a autoestima.
A entrevista também apontou que cerca de 70% das entrevistadas já tiveram relação sexual sem estar com vontade.
A conclusão é bastante clara, existe por parte das mulheres uma grande preocupação em satisfazer seus parceiros em ter um bom desempenho sexual, muitas vezes, passando por cima de si mesmas, deixando de lado o amor próprio, se submetendo relações sem prazer, que geram dor e desconforto quando na verdade deveria gerar prazer para ambos os lados.
Esse gráfico mostra o tempo que as entrevistadas sentem dor durante a relação sexual. 35% sofrem a mais de um ano. Então minha amiga, se você está vivendo esse tipo de situação, não espere mais tempo para buscar ajuda profissional.
Converse com o seu parceiro, fale sobre suas dores. Tudo bem não estar bem, mas é preciso se abrir para que com a ajuda necessária você consiga resolver esse problema. O intercurso doloroso pode acabar associando a dor à relação sexual, gerando a perda de libido.
As principais causas de dispareunia
Como ela pode se manifestar com diferentes intensidades, desde um leve desconforto até dores agudas, e provoca sofrimento e dificuldade de relacionamentos, a medicina divide essa disfunção de acordo com duas causas distintas:
- Físicas: causadas por algum problema no organismo
- Psicológicas: quando a mulher apresenta quadros que levam a um bloqueio sexual.
Causas físicas da dispareunia
Dentre as causas físicas, as mais comuns são infecções na vulva e na vagina, como as provocadas pela candidíase, herpes genital, tricomoníase, por exemplo, problemas de lubrificação da mucosa vaginal por desequilíbrio hormonal, reações alérgicas, como as causadas por determinados lubrificantes e preservativos, processos inflamatórios, como a endometriose, infecções urinárias e estreitamento vaginal.
Nesses casos, 95% dos episódios são considerados passageiros e apenas 5% podem ser considerados originários de uma causa física concreta. O importante é saber identificar quando a dor ou desconforto ultrapassa o limite esperado, e começa a atrapalhar significativamente a vida sexual.
Causas psicológicas da dispareunia
Além das questões físicas, muitas mulheres acabam convivendo com as dores durante o sexo por conta de problemas emocionais. E a gente sabe bem o quanto o psicológico tem o poder nos mais variados setores da vida, não é mesmo? Com o sexual, não seria diferente.
Dentre as causas emocionais e psicológicas mais frequentes e que levam a dispareunia estão a experiência de ter vivido um abuso sexual em alguma fase da vida, o que faz com que seja desencadeado um mecanismo de associação do sexo a algo errado e que machuca, relações passadas traumatizantes ou sem nenhum prazer.
Isso acontece principalmente quando a mulher se condiciona a manter uma vida sexual apenas para satisfazer o homem, de forma a sustentar uma relação sem ver um sentido particular no ato em si, uma educação repressora na infância, sem diálogos sobre o sexo, diagnósticos como depressão e ansiedade, que podem agir diretamente na libido e causar falta de apetite sexual, vaginismo e a falta de conhecimento a respeito da própria sexualidade, principalmente quando se enxerga o sexo como um tabu.
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Sintomas da dispareunia
Os sintomas da dispareunia incluem uma grande lista de sensações associadas ao desconforto genital como dor, ardência e até mesmo coceira. Esses desconfortos podem aparecer a qualquer momento durante a relação sexual, seja no começo, durante ou no final do ato.
Eles também podem variar dependendo da área em que são experientes; na parte externa da vagina, na parte interna ou na área pélvica.
Tipos de dispareunia
A dispareunia pode ser classificada de acordo com o local onde a dor está presente:
- Superficial: também conhecida por dispareunia de entrada, que é caracterizada pela dor no intróito vaginal, ocorre na vulva, nos lábios ou na área externa da vagina, pouco antes da introdução do pênis.
- Vaginal: consiste na sensação de ardor ou queimação em todo o canal vaginal, quando ocorre a penetração e que se torna mais intensa devido aos movimentos do pênis.
- Profunda – dor é sentida quando o pênis penetra profundamente na vagina (colo do útero). Existem posições sexuais que podem causar esse desconforto produzido por uma dor que é sentida na parte inferior da barriga durante o movimento do pênis e no pós-coito.
Consequências da dispareunia no relacionamento
A dispareunia pode fazer com que a mulher não desfrute de suas relações sexuais. Com o tempo, ela pode acabar evitando-as completamente para não ser obrigada a enfrentar a dor.
Muitas suportam esta situação e se resignam, mas logicamente os efeitos de médio prazo no relacionamento e na cumplicidade entre o casal são devastadores. O homem também sofre porque se sente culpado pela dor que causa na parceira, quando o que ele quer é exatamente o oposto.
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Dispareunia x Vaginismo
Embora ambos os distúrbios sejam diferentes, às vezes eles andam de mãos dadas. Uma mulher que inicialmente sofre de vaginismo também pode acabar sofrendo de dispareunia, pois assume que a dor que impedia a penetração (vaginismo) é intrínseca ao relacionamento sexual propriamente dito, o que a impede de relaxar e aproveitar o momento.
O vaginismo é uma contração espasmódica e involuntária do períneo (músculos que envolvem a vagina) que impede a penetração.
Dispareunia, por outro lado, é o termo pelo qual definimos a dor que aparece no momento da penetração. Ao contrário do vaginismo, a dispareunia não impede o relacionamento, mas o torna doloroso. Com o tempo, os encontros entre o casal acabam se espalhando devido à apreensão da dor que isso provoca na mulher (ou no homem) até o final de uma completa rejeição do sexo.
Como se trata a dispareunia?
Se ela é uma disfunção vivenciada por grande parte das mulheres, nem preciso dizer que o diagnóstico é o primeiro passo para poder tratá-la, certo?
Ao observar dores frequentes durante a relação sexual, é importante consultar um ginecologista de confiança. O diagnóstico é feito a partir da análise de três aspectos: o relato da paciente a respeito dos episódios e sintomas, os exames clínicos e laboratoriais.
Depois da conversa com a paciente sobre onde é a dor, quando ela apareceu, se é frequente ou não nas relações, no exame clínico, o médico vai poder identificar possíveis causas físicas. Além deste, podem ser necessários outros exames laboratoriais, como a análise de secreção e ultrassom.
Identificadas as causas da dispareunia, se essas forem clínicas, o ginecologista vai prescrever a abordagem e os tratamentos mais indicados para solucionar o problema, e, consequentemente, as dores durante as relações sexuais.
Agora, se depois dessa análise, nada físico for diagnosticado, o médico encaminha a paciente para a consulta com um psicólogo, para avaliação do quadro e do que leva às dores.
Tipos de tratamento:
Medicamentos
Se uma infecção ou condição médica estiver contribuindo para sua dor, o tratamento da causa subjacente pode resolver seu problema. A mudança de medicamentos que são conhecidos por causar problemas de lubrificação também pode eliminar os sintomas.
Para a maioria das mulheres na pós-menopausa, a dispareunia é causada por lubrificação insuficiente como resultado de baixos níveis de estrogênio. Muitas vezes, isso pode ser tratado com um creme, comprimido ou anel flexível que libera quantidades muito pequenas de estrogênio diretamente em sua vagina.
Terapia
Diferentes tipos de terapia também podem ser úteis, incluindo:
- Terapia de dessensibilização – Durante esta terapia, você aprenderá exercícios de relaxamento vaginal que podem diminuir a dor. Seu terapeuta pode recomendar exercícios para o assoalho pélvico (exercícios de Kegel) ou outras técnicas para diminuir a dor durante a relação sexual.
- Aconselhamento ou terapia sexual- Se o sexo foi doloroso por um longo tempo, você pode experimentar uma resposta emocional negativa à estimulação sexual, mesmo após o tratamento. Se você e seu parceiro tiverem evitado a intimidade devido à relação sexual dolorosa, talvez você precise de ajuda para melhorar a comunicação com seu parceiro e restaurar a intimidade sexual. Conversar com um terapeuta sexual pode ajudar a resolver esses problemas.
Em que idade a dispareunia costuma se manifestar?
Como vimos, as dores durante as relações sexuais podem acontecer por diversas causas, das físicas às psicológicas, mas será que existe uma época da vida em que elas são mais frequentes? Sim!
Além do início da vida sexual, a dispareunia é mais frequente em mulheres que estejam na fase de pós-menopausa, ou naquelas que foram submetidas a um parto com episiotomia.
Isso porque as mulheres mais velhas, nessa fase da vida, passam por um declínio hormonal, principalmente do estrogênio, responsável pela lubrificação íntima. Além disso, com o tempo, a vagina acaba perdendo a elasticidade, o que também pode causar dores durante as relações.
Algumas recomendações:
- Não se envergonhe e procure um profissional: se você tem desconforto durante as suas relações sexuais, não se resigne e procure profissionais o mais rápido possível para que eles possam ajudá-la a desfrutar plenamente da sua sexualidade.
- Use lubrificantes que facilitam as relações sexuais.
- Faça posições sexuais que sejam mais prazerosas para você e não forcem tanto.
- Dê importância aos jogos preliminares para alcançar um estado ideal de excitação e lubrificação.
- Cuide dos seus músculos vaginais e do seu assoalho pélvico e faça exercícios de pompoarismo.
Independentemente das causas, é importante salientar que a dispareunia pode ser tratada, de forma que a mulher possa retomar uma vida sexual ativa e, acima de tudo, prazerosa.
Falo muito sobre isso no meu Curso de Pompoarismo para Mulheres bem resolvidas. Então, agora você já sabe, se estiver sentindo dores durante as relações procure o seu médico. Combinado?
E já sabe, se ficou com alguma dúvida, escreva pra mim pelos comentários e até a próxima.