Uma blogueira vem fazendo sucesso nas redes depois de gravar um vídeo muito realista sobre a sua imagem. Chamado de “Tour pelo meu corpo”, ela mostra de forma autêntica e bem humorada todos os truques que usa para esconder os “seus defeitos” nas fotos que posta no Instagram. Esse vídeo me fez refletir bastante sobre a questão da nossa autoimagem e da busca desesperada de algumas mulheres que ainda esperam alcançar o corpo perfeito. Até que ponto a busca pela autoestima se transforma em uma busca desesperada por aceitação? Até que ponto a necessidade de se sentir mais bonita é saudável? Vamos descobrir agora!
No texto de hoje vamos abordar os seguintes temas:
- Autoimagem e autoestima
- Padrões irreais
- Números preocupantes
- Uma tentativa de mudança
- Não ao Photoshop
- Muito além da beleza
- Os espelho que refletem nossa imagem
- Um tour pelo meu corpo – Dicas para se aceitar
- A mudança depende de você
Autoimagem e autoestima
Em todos os meus textos e palestras eu sempre faço questão de frisar que a mulher precisa ter autoestima para se sentir bem. Nesse sentido, para aumentar a autoestima a mulher passa a dar atenção tanto ao aspecto psicológico, como ao aspecto físico.
Porém, quando eu falo em autoestima, o fundamental é que as pessoas aprendam a se aceitar, a destacar seus pontos fortes. Isso quer dizer que a mulher precisa aceitar a sua autoimagem. Se eu fizesse hoje “um tour pelo meu corpo”, aceitaria que meus “cambitos finos”, minhas rugas e manchinhas no braço fazem parte de quem eu sou. Eu me sinto bonita com elas e não quero que meu corpo seja igual ao de ninguém. Meu corpo, aliado a minha personalidade, minhas qualidades e defeitos fazem parte da verdadeira Cátia.
Padrões irreais
Um dos principais motivos para que as mulheres não aceitem sua autoimagem é que a mídia trabalha massivamente com um padrão irreal de beleza. Atrizes, blogueiras, personalidades da mídia trabalham incansavelmente para convencer à você que é possível alcançar o “corpo perfeito”. No entanto, apenas 5% da população feminina conseguiria alcançar aquele tipo de corpo e só depois de muito esforço. Isso porque temos inúmeros biotipos no Brasil e grande parte deles não iriam se adequar à “fórmula de corpo ideal”. Isso não quer dizer que o corpo dessas pessoas é pior ou melhor, é apenas diferente.
Números preocupantes
De acordo com a capmanha Dove “A verdade sobre a real beleza”, 9 em cada 10 meninas gostariam de mudar algo na própria aparência, 6 em cada 10 se preocupam tanto com isso que preferem deixar de realizar atividades importantes quando não estão confiantes o bastante com sua aparência, e apenas 4% das mulheres se acham bonitas. Entre as brasileiras, a porcentagem é maior, 14%.
Outro dado preocupante: 59% afirmam sentir pressão para ser bonita. O levantamento mostra, porém, uma luz no fim do túnel: 72% das mulheres se dizem satisfeitas com a própria beleza, ainda que não se considerem necessariamente bonitas.
Outras pesquisas indicam que 80% das mulheres se sentem infelizes com o reflexo no espelho e mais da metade tem uma visão distorcida de si mesmas, achando que vestem um número maior que o seu, por exemplo. Entre os efeitos físicos e psicológicos da baixa autoestima estão dores musculares ou de cabeça, problemas gastrointestinais, angústia, ansiedade, depressão e conflitos interpessoais, segundo uma pesquisa da ISMA-BR apresentada no Congresso Europeu de Terapia Cognitivo-Comportamental.
Uma tentativa de mudança
Algumas marcas já começaram a perceber que é necessário se adaptar aos novos tempos e estão fazendo propagandas incentivando as mulheres a se amarem como são. Uma das campanhas mais famosas foi a “Retratos da Real Beleza”, da Dove, que conquistou um sucesso poucas vezes visto na propaganda mundial. É um dos vídeo publicitários mais assistido da história do YouTube, com milhões de acessos, além de ser vencedor do prêmio principal do Festival de Cannes 2013, o Grand Prix. E também tem conceito e criação totalmente brasileiros.
Na propaganda, a Dove pediu às mulheres para descreverem a si mesmas. Por trás de uma misteriosa cortina onde permaneciam um artista forense treinado pelo FBI desenhou seus retratos com base em suas descrições. Depois foi pedido a um desconhecido, escolhido aleatoriamente, para descrever a mesma mulher, para então ver a diferença entre as duas descrições. O resultado? Dois retratos completamente diferentes. Aquele baseado na descrição do desconhecido era mais bonito, alegre e preciso. O que essa campanha prova: que as mulheres têm uma autoimagem equivocada, que elas são mais bonitas do que imaginam.
Não ao photoshop
Na França, uma nova lei que entrou há poucos meses, obriga todas as publicações de moda a informarem quando a foto de uma modelo foi retocada. Em caso do não cumprimento da lei, a publicação pode ser punida com uma multa em torno de R$ 140 mil.
Com a medida, o governo francês tenta conter a manipulação de imagens tratando a técnica como problema de saúde pública. Espera-se que a mudança ajude a conter a magreza extrema em modelos e distúrbios relacionados à imagem corporal entre aqueles que almejam o corpo perfeito e se inspiram nos que tiveram as fotos retocadas.
A França não é o primeiro país a introduzir esse tipo de regra. Algo similar já está em vigor, por exemplo, em Israel. Mas a obsessão com a magreza tem intensificado o debate na França. Milhares de pessoas sofrem de anorexia no país que apresenta o menor índice médio de massa corporal da Europa.
Há alguns anos, a famosa grife francesa de cosméticos L’Oréal teve que retirar a campanha publicitária de maquiagem protagonizada por Julia Roberts. O motivo? A organização britânica que controla os anúncios publicitários detectou que as fotografias estavam muito retocadas e resultavam em promessas enganosas para o público. As fotos da campanha do rosto de Roberts, atriz de 43 anos, pareciam de uma mulher de 30 anos. Isso poderia confundir o comprador.
Muito além da beleza
Além dos padrões de beleza que somos submetidas, ainda temos que lidar com as expectativas da nossa sociedade sobre o nosso papel de mulher, mãe, profissional… Temos que estar sempre impecáveis, ter um bom trabalho e ainda ter tempo de dar atenção aos nossos filhos e companheiro. Estamos sempre tentando ser mais simpáticas, mais agradáveis, mais tolerantes. Tudo isso com o sorriso no rosto. Por isso, queremos ser perfeitas, e quando não conseguimos, não aceitamos a frustração.
O que você precisa ter em mente é que a perfeição não existe. E por mais que você tente, nunca conseguirá agradar todo mundo. Por isso, não anule sua personalidade só para agradar alguém, isso só conseguirá abalar o seu psicológico.
Os espelhos que refletem nossa imagem
Existem dois tipos de espelhos que encontramos em nossas vidas: os espelhos reais e físicos, em que olhamos para ver nossos reflexos, e os espelhos metafóricos ou simbólicos, que refletem quem somos e como nos olhamos.
Vamos tirar o foco das mensagens e ideais da sociedade sobre a imagem do nosso corpo e voltar para nossas auto-projeções pessoais. Nos aceitar como somos é o espelho mais poderoso que podemos observar. Portanto, o objetivo aqui é melhorar sua capacidade de abraçar quem você é, da maneira mais amorosa possível.
Você é a única pessoa que fica à sua volta 24 horas por dia, sete dias por semana, ano após ano.Você é responsável por sua vida, sua aparência e, finalmente, como você sente dentro e fora todos os dias. É por isso que é extremamente importante aprender a ser menos autocrítica e passar a se amar mais.
Um tour pelo meu corpo – Dicas para se aceitar
1. Tire um tempo de cada dia para se concentrar em ser o seu melhor
Você não pode ter pensamentos negativos sobre o seu corpo se você estiver trabalhando para que ele fique melhor. Faça uma aula de ioga, faça exercícios, coloque uma boa música e comece a dançar pela casa. Enquanto você está fazendo essas atividades, concentre-se em pensar sobre o quão bom seu corpo é e como é maravilhoso que você esteja trabalhando para mantê-lo saudável. Se os pensamentos negativos entrarem em sua mente, empurre-os e concentre-se no que estiver fazendo no momento.
2. Pare de criticar sua aparência
Comece a não permitir que palavras insignificantes sobre seu corpo ou você mesmo entrem em sua mente. Se eles surgirem, mude para algo positivo sobre você, como “eu sou uma boa pessoa”, “eu sou inteligente” ou “eu sempre estou lá se alguém precisar de mim”. Como mencionei anteriormente, você não pode ter um pensamento negativo e positivo ao mesmo tempo, então mantenha somente aqueles positivos!
3. Seja boa para seu corpo para que você se sinta apreciada e mimada
Tome banhos relaxantes, vá para um spa onde possa receber uma massagem que fará com que sua pele se sinta macia. Enquanto você está fazendo essas coisas, lembre-se de como você está apreciando e nutrindo seu corpo e que você merece se sentir bem.
4. Pare de comparar-se com outras pessoas
Todos somos diferentes, e ninguém é perfeito. Você sempre encontrará alguém com uma cintura menor, menos celulite ou pele mais suave.
Não pense também que a sua vizinha ou colega de trabalho são melhores que você só porque elas têm mais amigos ou têm um carro ou uma casa que você gostaria. Cada um tem suas próprias frustrações, seus próprios desafios. É uma batalha perdida para tentar ser como outra pessoa, então, em vez disso, concentre-se em ser o seu melhor.
5. Comemore seus pontos fortes
Embora você possa não amar tudo sobre você, deve haver algumas partes dele que você possa apreciar. Você tem pernas bonitas? Um cabelo que chama a atenção? Uma boca que conhece apenas as palavras certas para dizer para confortar alguém com dor? Uma cabeça boa para números? Um talento especial para música? Concentre-se nesses pontos fortes e tente sempre melhorá-los.
6. Defina uma meta
O que você quer para sua vida? Você tem algum objetivo ou vários? Como vai conseguir realizá-los? Quais suas prioridade? Organize suas ambições e observe quais características podem ajudar você a chegar lá. Se você quer passar em um concurso, passe a estudar mais. Quer emagrecer? Comece a caminhar. Não importa qual a sua meta, você precisa começar a lutar por ela.
A mudança depende de você
Vou ser realista: não é fácil mudar a sua autoimagem. Afinal, essa imagem é construída por vários elementos, sejam eles psicológicos ou físicos. E ainda que o vídeo “um tour pelo meu corpo” e campanhas como a Dove façam muito sucesso, a verdade é que a maior parte da sociedade ainda acredita na perfeição. É um trabalho lento, mas que eu posso garantir que vale a pena. Quando você começar a se aceitar, quando aceitar a sua autoimagem, vai descobrir a mulher linda que você é. Acredite, quando isso acontecer, toda a sua vida vai ficar melhor. Por isso, comece hoje a se aceitar mais e a criticar menos. Ame-se!