Imagine uma fórmula mágica que consegue livrar as mulheres dos incômodos da menstruação, age como anticoncepcional e de quebra, ainda ajuda no emagrecimento, combate à celulite e aumenta a libido e disposição para malhar? Parece um sonho não é mesmo? E se eu disser que há um dispositivo que, ao ser implantado na pele,  promete fazer tudo isso? O chamado “chip da beleza” está virando moda no Brasil e ganhando cada vez mais adeptos, inclusive entre os famosos. Porém, antes de você sair correndo para implantar um no seu corpo, saiba que o chip  ainda é controverso e alguns especialistas inclusive desaprovam o seu uso. Veja quais são os prós e os contras do chip da beleza!

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No texto de hoje vamos abordar os seguintes tópicos:

  • O que é o chip da beleza?
  • Como funciona?
  • Quem pode ter o microchip?
  • O precursor do chip
  • Benefícios
  • Efeitos negativos do chip da beleza
  • Por que a polêmica?
  • O que dizem os médicos?
  • Devo usar?

O que é o chip da beleza?

Trata-se de um implante hormonal subcutâneo em forma de pequeno bastão de silicone, que mede entre 3 a 5 cm. Ele  pode conter até seis tipos de hormônios: elcometrina, nomegestrol, gestrinona, estradiol, testosterona e progesterona.

O implante é, na verdade, um anticoncepcional colocado sob a pele do glúteo para liberar gradualmente as substâncias. Na maioria das vezes é utilizado o gestrinona, hormônio derivado da progesterona e com efeito androgênico. Apesar do principal objetivo ser evitar a gravidez indesejada, o dispositivo começou a chamar a atenção devido aos seus efeitos secundários, como redução da celulite, emagrecimento, entre outros benefícios. Daí surgiu o nome chip da beleza.

Como funciona?

O tipo de hormônio que será utilizado no chip vai depender das queixas das pacientes. Se, por exemplo, você quiser ganhar massa muscular e aumentar o metabolismo, a combinação de hormônios pode incluir testosterona. Ele é o principal hormônio produzido pelo homem, porém nas mulheres é encontrado em níveis mais baixos. A justificativa da colocação dos implantes é que a pessoa receba uma modulação hormonal em pequenas quantidades, mesmo que determinado hormônio não esteja em falta no seu organismo.

O “chip da beleza” é fabricado por laboratórios de manipulação a pedido do próprio médico que aplica o implanta. Ele não é fabricado no Brasil, por isso você não irá encontrá-lo em farmácias comuns. A implantação é feita com anestesia local e uma microincisão na região da nádega. A mulher pode retirar o chip a qualquer momento, caso não se adapte.

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Quem pode ser microchipada

O chip é indicado para mulheres de 18 a 45 anos que queiram evitar a gravidez, desde que não tenham histórico de trombose, câncer de mama, estejam na pré-menopausa, ou sejam portadoras da síndrome dos ovários policísticos. O chip custa em média de R$3 mil a R$8 mil. O implante pode durar de 6 meses a 1 ano, até ser completamente absorvido pelo corpo. Durante esse período de durabilidade, o médico pode solicitar exames a cada 3 meses para verificar a quantidade de hormônio presente no corpo, para poder ajustar a dose quando for preciso colocar um novo implante.

O precursor do chip

O médico e farmacêutico baiano Elsimar Coutinho, pós-graduado em endocrinologia pela Universidade de Sorbonne, na França, é o precursor dos implantes hormonais no Brasil. Quando iniciou as pesquisas há 40 anos, tinha como único propósito oferecer uma alternativa mais econômica e segura às pílulas. Ele reconhece os benefícios secundários dos implantes, mas ressalta que esse não pode ser o principal objetivo para implantação do chip.

Apesar das críticas, o médico afirma que a gestrinona, principal hormônio utilizado nos chips, é segura e que a substância é importada da Europa e dos Estados Unidos para manipulá-la no Brasil. Elsimar também garante que as pessoas insatisfeitas com o produto não passam de 20% e que há filas para implantação dos chips.

Benefícios

O chip tem como principal objetivo evitar a gravidez, suspender a menstruação, acabar com os sintomas de TPM e fazer a modulação hormonal. Os benefícios secundários são definição muscular, ganho de massa magra, redução da celulite, fortalecimento das unhas e aumento da libido.

Uma das vantagens do implante é que ele introduz a medicação diretamente na corrente sanguínea. Dessa forma, as doses de hormônio podem ser menores do que a dos anticoncepcionais orais porque não passam pelo fígado nem pelo estômago. Além disso, ele evita que as pessoas esqueçam de tomar a medicação, garantindo um resultado mais efetivo.

Efeitos negativos do chip da beleza

Os efeitos colaterais do implante hormonal incluem sangramento fora do período menstrual, dor nas mamas, na cabeça e no local do implante; inchaço, diminuição da libido, tonturas e náuseas; cistos nos ovários em algumas mulheres.

Além disso, usar um chip com hormônio somente para fins estéticos, sem seu efeito contraceptivo, pode causar resistência à insulina, tendência para engordar e dificuldade para emagrecer, especialmente depois de 1 ano de uso desse tipo de implante.

Outros efeitos adversos estão relacionados ao aumento da testosterona livre, podendo surgir acne, oleosidade na pele e couro cabeludo, queda de cabelo, aumento de pêlos no rosto, rouquidão da voz, aumento do clitóris; além do maior risco de aumento da pressão e tromboembolismo em pessoas pré-dispostas.

Por que a polêmica?

Como os hormônios são manipulados, há falta de clareza em relação às quantidades utilizadas pelos médicos, o que preocupa muitos especialistas. Eles criticam também a falta de estudos indicando as doses mínima e máxima de gestrinona e suas reações no corpo humano a longo prazo. As pessoas estariam sendo usadas como uma espécie de cobaias, já que não há como saber os efeitos do chip daqui há 10 ou 15 anos, por exemplo.

O que dizem os médicos?

A  Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia não aprova o uso da gestrinona ou de qualquer outro hormônio para pessoas que não apresentam deficiência dessas substâncias. O Conselho Federal de Medicina também proíbe o uso de hormônios por motivação estética – os médicos que o fizerem estão sujeitos à advertência ou penalidades que incluem a suspensão do registro profissional.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que já houve registro de cápsulas para o tratamento de endometriose contendo gestrinona (substância do “chip da beleza”), mas os registros foram cancelados em 2012 e 2014. Há registro do medicamento Implanon (cujo princípio ativo é o etonogestrel) na forma de implante. A indicação aprovada do medicamento é para anticoncepção, portanto não é aprovado para finalidade distinta da que consta na bula.

A Anvisa informa ainda que o emprego de medicamentos para indicações diferentes das aprovadas pelo órgão é caracterizado como uso “off label” (fora da indicação de bula ou protocolo). Nesse caso, a responsabilidade por esse uso é do profissional prescritor.

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Devo usar?

Se você quiser usar o implante para fins anticoncepcionais, procure um  médico especialista que poderá informar se o seu perfil é adequado e fará uma série de exames para verificar se há algum problema que poderá afetar o seu organismo. Agora, se o seu objetivo é apenas para fins estéticos, é melhor pensar com cuidado. Como falamos durante o texto, utilizar hormônios sem necessidade pode resultar em uma série de efeitos negativos bem desagradáveis, além de poder afetar a sua saúde. Caso você queira ter os mesmos benefícios que o chip da beleza promete, há métodos mais seguros e menos invasivos que não afetarão o seu bem estar.

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Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.

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