Existe uma parte do seu corpo que você simplesmente odeia olhar ou tenta esconder dos outros? Toda mulher já passou pela fase de detestar uma parte de si mesma, principalmente na adolescência, e com o passar do tempo conseguiu se aceitar. Mas o que acontece quando essa vergonha se torna uma obsessão ou paranoia que te impede de ter uma vida social normal, ou mesmo sair de casa para ir às compras ou ao médico? E se isso levar a uma tentativa de suicídio? Esta é a vida das pessoas que sofrem de Síndrome da Distorção de Imagem Corporal (Transtorno Dismórfico Corporal), uma doença que vem preocupando médicos em todo o mundo. Conheça um pouco mais sobre essa condição e o que pode ser feito para ajudar quem passa por isso.
A síndrome da Distorção de Imagem foi descrita pela primeira vez em 1886 pelo psiquiatra italiano Enrique Morselli, que chamou o distúrbio de dismorfia corporal. Na atualidade, ela é classificada dentro do grupo de transtornos somatomorfos – quando o paciente apresenta queixas e sintomas físicos, mas os médicos não conseguem classificar nenhuma enfermidade. É um transtorno mental comum que atinge 1,7% a 2,4% da população mundial. Quer saber mais sobre o assunto? Então leia o artigo até o final.
No texto de hoje vamos abordar:
- O que é a Síndrome da Distorção de Imagem?
- Causas e início do transtorno
- As partes odiadas do corpo
- Como a Síndrome da Distorção de Imagem afeta a rotina
- Os meio de comunicação e o ideal de beleza
- Cirurgia plástica não é a solução
- Tratamento
O que é a Síndrome da Distorção de Imagem?
A Síndrome da Distorção de Imagem Corporal é uma doença que provoca medo ou fobia extrema de ter um defeito físico aparente e que todos vão perceber. Quem sofre dessa doença sente que é portador de um estigma e se preocupa obsessivamente sobre como isso afeta sua imagem. O resultado é uma deterioração nas relações sociais e ocupacionais. Alguns especialistas comparam essa síndrome com uma espécie de hipocondria da beleza.
Causas e início do transtorno
Esses problemas geralmente começam na adolescência, onde existem as maiores mudanças físicas e corporais, e depois diminuem com a idade, embora possam persistir na idade adulta.
De acordo com pesquisas, a síndrome aparece igualmente em homens e mulheres, no entanto devido a pressão sofrida pelo corpo perfeito, acaba afetando mais o sexo feminino.
Baixa autoestima, uma personalidade ansiosa, ou vítima de alguma forma de assédio ou ridicularização na infância, pode predispor uma pessoa a sofrer este tipo de problema.
As partes odiadas do corpo
De acordo com vários estudos sobre o assunto, as áreas do corpo que estão sujeitas a maior obsessão são: defeitos da pele (manchas, acne ou rugas no rosto), dentes, peito, cicatrizes, assimetria facial, lábios, nariz, abdome, orelhas, queixo e, nos homens, também o órgão sexual.
Como a Síndrome de Distorção afeta a rotina
Essa preocupação excessiva com detalhes físicos muitas vezes faz com que as pessoas tenham comportamentos compulsivos. Uma pessoa com esta desordem pode se descrever como monstruosa ou deformada pelo simples fato de perceber que tem uma pálpebra mais caída que a outra e se isolar do mundo exterior, achando que todos vão rir dela. Mas a verdade é que para as pessoas de fora, talvez esse defeito nem seja perceptível.
Esta preocupação excessiva (ou pensamento obsessivo) com detalhes físicos levam as pessoas afetadas a uma série de comportamentos compulsivos, como:
- Gastam grande quantidade de tempo tentando camuflar a parte do corpo que acham que são defeituosas, por exemplo, usando o cabelo solto para esconder o rosto, óculos de sol escuros, usando muita roupa mesmo no verão, usando maquiagem em excesso.
- Evitam olhar no espelho ou gastam muitas horas em frente a ele para analisar o seu “defeito”.
- Evitam sair para a rua, ir a encontros sociais.
- Evitam tirar fotos ou ver a si mesmas quando aparecem em alguma delas.
- Se comparam sempre com outras pessoas.
- Perguntam repetidamente a seus familiares e amigos como está a sua aparência.
- A maioria deles sofre de depressão, que geralmente se manifesta com um intenso sentimento de angústia e inferioridade.
- Em casos graves, desenvolvem transtornos severos como ansiedade, bulimia e anorexia. Passam a ter problemas nos relacionamentos,na sexualidade e o rendimento no trabalho cai.
Os meio de comunicação e o ideal de beleza
Os meios de comunicação apresentam um modelo padrão de beleza quase intangível para as pessoas normais. Modelos magras, com peles e dentes perfeitos são apresentadas no dia a dia, nos intervalos comerciais, novelas, filmes, entre outros.
Pessoas com transtorno são mais vulneráveis e ao ver esses “padrões de beleza”desenvolvem uma percepção distorcida ou exagerada de seus defeitos físicos imperceptíveis.
Cirurgia plástica não é a solução
O problema é que as mudanças físicas ou melhorias que são feitas no corpo graças à magia da cirurgia, reduz a ansiedade momentaneamente e a curto prazo, mas pouco tempo depois a obsessão volta a aparecer.
O alívio que a cirurgia traz é quase imediato, mas não permanece porque o problema não é físico e sim psicológico. A probabilidade de que essas pessoas fiquem satisfeitas com o resultado é mínima e provavelmente vão voltar para uma segunda intervenção.
Então vão entrar em um círculo vicioso, impossível de romper, já que a perfeição buscada não existe.
Tratamento
De acordo com os médicos não há cura para o transtorno, mas é possível controlá-lo. As duas abordagens mais eficazes são as terapias cognitivas e comportamentais e os tratamentos com medicamentos que aumentam a serotonina. Os dois tratamentos podem ser usados juntos ou separados.
Na terapia cognitiva, os pacientes gradualmente aprendem a reorganizar seus pensamentos, expor seu “defeito” na frente dos outros e se veem de forma mais realista, como indivíduos inteiros; ao invés de ver apenas o alegado defeito. Esse tratamento se mostrou eficaz em 77% dos casos.
Os efeitos dos tratamentos combinados geralmente incluem: menor desconforto-ansiedade, menos pensamentos negativos, percepção corporal mais realista, não gastar tanto tempo para a aparência física.
Como ajudar essas pessoas
É muito importante ajudar essas pessoas a fazer um ajuste realista da sua própria imagem assim como um profundo trabalho na autoestima. Parte da ansiedade pelo físico se mantém porque a pessoa não valoriza outras áreas da sua vida e vê defeito em tudo.
Por outro lado, será essencial convencer a pessoa a sair de casa e conhecer gente nova. E o mais importante: a aceitação racional dos defeitos, mas também das próprias qualidades são a chave para quem sofre desse problema começar a dar a volta por cima.
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