Sabe quando seu namorado tem algumas atitudes meio ciumentas que você releva, mas que começam a limitar sua liberdade? Por exemplo, quando ele reclama da sua saia mais curtinha e, do nada, começa proibir que você saia com determinado vestido e até mesmo com algumas pessoas. Ele também começa a controlar a forma como você fala, suas atividades rotineiras e até mesmo o seu trabalho. Pode ser um indício de relacionamento abusivo.
Mas acredite: nem todas as mulheres que passam por esse problema percebem no ato. Para você ter uma ideia, é possível demorar anos até perceber que faz parte de um relacionamento abusivo. Embora alguns possam envolver agressões físicas, nem todos passam por isso. Aí aparece outro problema: o abusador manipula tão bem sua namorada (e até as pessoas ao redor!) que ela sempre tem a impressão de que é ela a errada ou a louca da relação.
Você acha que está sofrendo com esse problema? Neste post, vou contar a você:
- o que é relacionamento abusivo;
- sinais desse tipo de relação;
- com superar esse problema.
Vamos conversar mais? Continue a leitura!
O que é um relacionamento abusivo?
É uma relação em que pelo menos um dos parceiros abusa física e, principalmente, psicologicamente do outro. Embora neste texto eu vá citar o homem como abusador em um relacionamento heterossexual, o abuso pode acontecer também entre relações homoafetivas.
Além disso, não se limita a casais, já que pode acontecer com pais e filhos, entre irmãos e até amigos. Portanto, mesmo que você não faça parte de um relacionamento hétero padrão, preste atenção em tudo o que vou abordar aqui.
O triste é que as estatísticas mostram o quanto uma relação pode ser cruel com uma mulher. De acordo com a ONU Mulheres, 3 a cada 5 mulheres passaram, passam ou passarão por um relacionamento abusivo.
Quais as características de um relacionamento abusivo?
A forma de abusar de um parceiro pode variar bastante. Há quem seja claramente abusador, que envergonhe a vítima em público. No entanto, um bom manipulador faz com que a outra pessoa sempre pareça “louca” ou até responsável pelos seus ataques. Com isso, ela perde a credibilidade entre as pessoas ao redor e começa a questionar sua própria sanidade, e não percebe que está em um relacionamento abusivo.
Conheça alguns sinais de que você pode estar em um relacionamento abusivo:
Manipulação
Um abusador é, essencialmente, manipulador. Ele “brinca” com as emoções da vítima para deixá-la presa à rede dele. É aquilo que eu disse ali em cima, muitas pessoas demoram anos para perceber que estão ou estavam em um relacionamento abusivo, tamanha a capacidade do parceiro de enganá-la.
Algumas características:
- O parceiro entre momentos de violência e carinho, faz com que a vítima ainda se sinta vinculada a ele, já que ele “não é tão ruim assim”;
- após ameaças de término ou depois de uma atitude extremamente violenta, o parceiro diz que está arrependido e promete mudar;
- nisso, ele também diz que vai procurar ajuda psicológica e aumenta as esperanças da vítima. No entanto, isso raramente acontece.
Ciúmes
Ter ciúme é normal. Dificilmente alguém ficaria feliz em ver seu parceiro flertando ou trocando mensagens calientes com outra pessoa, não é verdade? Porém, em um relacionamento abusivo, o nível de ciúme chega à obsessão.
Ele começa a se incomodar com o tamanho de suas roupas, a questionar e até proibir suas amizades. Algumas mulheres acabam se afastando de todo o seu círculo social. Há também quem proíba a companheira de visitar a família, e ela não consegue dar um passo sem que ele esteja por perto.
A justificativa é sempre de “amar demais” mas, na verdade, o abusador enxerga a companheira como uma posse, e ela não percebe que está em um relacionamento abusivo.
Invasão de privacidade (stalk)
O ciúme obsessivo pode ir além do que você imagina. O companheiro começa a observar todos os seus passos online — o famoso stalk. Ele tem todas as suas senhas, lê e-mails e mensagens do seu WhatsApp, pergunta quem é quem no seu perfil no Facebook e, às vezes, responde fingindo ser você em um chat. Há também quem instale programas de rastreamento para saber todos os locais onde você está.
Em alguns casos, isso é feito abertamente, com o argumento de que “quem ama não tem nada a esconder”; já outros fazem às escondidas, quando a companheira não está olhando. Porém, o abusador costuma ter mensagens, imagens e vídeos comprometedores no celular — tudo escondido, claro.
Comportamento sexual inapropriado
O abusador costuma ver a parceira como uma posse. Portanto, para ele é inadmissível que ela não queira fazer sexo quando ele deseja.
Casos de estupro em relacionamentos, infelizmente, não são raros. Se um não deseja fazer e o outro força, já é considerado um estupro, mas um abusador usa o relacionamento como desculpa para ter relações sexuais sempre a sua disposição. Forçar posições sexuais que você não quer e até a penetração sem camisinha são formas de estupro.
Chantagear e ameaçar são formas de assediar a parceira para forçá-la a transar. Mas também existe o contrário: quem faça abstinência de sexo para manipular a vítima e conseguir o que deseja.
Por que tantas pessoas continuam em um relacionamento abusivo?
Muitas pessoas pensam que acabar com um relacionamento abusivo é simples: só terminar e pronto. Porém, esse tipo de relação envolve uma rede de manipulações e medos de diversos tipos. Existem vários fatores que prendem uma pessoa a um abusador. Veja:
Dependência financeira
Mulheres que não têm uma residência fixa em seu nome, não trabalham e cuidam dos filhos são as mais vulneráveis a esse tipo de relacionamento. No entanto, mesmo quem tem uma profissão pode passar por esse problema. É bem comum que o abusador diga que a mulher não precisa trabalhar (já que ele vai prover todo o sustento) e que é melhor ficar em casa aproveitando para educar as crianças.
O problema é que isso é uma forma de prender a mulher na rede do abusador. Como toda a fonte de renda é o homem, ela não tem como ter um fundo de emergência. Além disso, quanto mais tempo você fica fora do mercado de trabalho, mais difícil é voltar.
Sem contar na falta de atualização profissional, já que provavelmente as mulheres que trabalham apenas em casa ficam tão ocupadas com afazeres domésticos que não conseguem sequer parar para ler. E pior: quando a vítima tenta fazer algum curso fora, o abusador começa a questioná-la até que ela desista de estudar.
Dependência emocional
Uma característica marcante do abusador é fazer com que a mulher se sinta totalmente dependente dele. Ele a elogia, faz com que ela se sinta bem e, do nada, começa a criticá-la: diz que ela está gorda (como se isso fosse um defeito!), feia, que o corpo está deformado, que ninguém se interessaria por ela — além dele, é claro.
Mas essa diminuição não se limita ao físico da vítima; é bem comum atacar também aspectos intelectuais, psicológicos e emocionais. Veja alguns exemplos de acusações feitas por um abusador:
- A mulher é “burra” e não consegue fazer nada sem o companheiro;
- ela não vai conseguir aquela vaga de trabalho porque não tem capacidade para cumprir as tarefas;
- as crianças aprontam porque ela não cuida tão bem quanto deveria;
- ela está reagindo de forma desproporcional ou até como “louca”;
- é “desequilibrada”.
Essa manipulação em um relacionamento abusivo pode deixar a vítima ainda mais insegura, com baixa autoestima, ansiosa e até depressiva.
Ameaça à integridade física
As ameaças físicas são as características mais identificáveis quando falamos em relacionamento abusivo. Empurrões, tapas e socos são seguidos das famosas “desculpas” que mais culpam a mulher do que o próprio agressor. Mas o indivíduo não se limita a agredir a sua companheira — ele pode, inclusive, ameaçar a própria integridade física.
É comum que um agressor ameace a família da companheira, incluindo filhos. Não é incomum encontrarmos casos de homens que agrediram os próprios rebentos apenas para destruir a vida da mulher. Amigos, principalmente homens, podem apanhar apenas por se aproximarem da mulher.
Mas não para por aí: quando finalmente a mulher resolve ir embora, ele diz que se ela o fizer, ele vai se matar.
Falta de apoio
Em um relacionamento abusivo, o nível de manipulação pode ser tão grande que até os terceiros podem ser enganados. É muito comum que a família ache que a vítima está exagerando ou inventando. Há também quem ache que a mulher foi quem provocou alguma situação negativa. E os amigos, que eram tão próximos, foram afastados pela relação.
Sem ter em quem se apoiar, a mulher permanece no relacionamento porque sente que ninguém vai acreditar nela — e, quando conta, poucos levam sua palavra a sério.
Como sair de um relacionamento abusivo?
Um relacionamento abusivo só é benéfico para o abusador, portanto ele não enxerga motivos para mudar. Agora é hora de você correr atrás do seu bem-estar. Veja como sair desse problema:
Peça ajuda
Não há como fugir: a principal chave para sair de um relacionamento abusivo é pedir ajuda. Fale com sua família e amigos, peça auxílio para que possa deixar a casa e se restabelecer. Mesmo que grande parte deles não acredite no que você diz (o que, infelizmente, pode acontecer), alguma pessoa será capaz de te ajudar. Há também outras redes essenciais nesse processo:
CVV
De início, é comum não sentir forças para sair dessa situação. Você quer falar com alguém, mas acha que todos vão te julgar. Além do mais, faltam forças para sair de casa.
Para isso, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), atendimento voluntário para apoio emocional e prevenção ao suicídio. O número é 188 e funciona para todo o Brasil, mas você também pode conversar pelo chat do site ou nos pontos físicos espalhados pelo País.
Terapia
O agressor mina a autoestima da vítima até que ela se veja completamente dependente dele. Por isso, um relacionamento abusivo pode deixar traumas que perduram por toda a vida.
Procure ajuda psicológica. O profissional conhece bem as características de um relacionamento abusivo e os tipos de traumas que uma vítima pode ter, além da “culpa” de supostamente ter causado aquele comportamento no parceiro.
Polícia
Um homem que ameaça ou agride a mulher não pode ter a liberdade se aproximar dela quando quiser. Vá à Delegacia da Mulher, preferencialmente acompanhada para ter um apoio. Quando comprovada a agressão, o juiz já poderá emitir uma medida protetiva.
Infelizmente, a maior parte das mulheres não denuncia, já que a polícia ainda não sabe lidar com o problema. O ideal é ir à Delegacia da Mulher, onde há mais chances de que você possa fazer um boletim de ocorrência.
Contar com a ajuda de uma advogado também vai proporcionar mais um apoio para você.
Grupos de apoio
Por todo o Brasil, há grupos de apoio entre pessoas que passaram por traumas em um relacionamento abusivo. Eles podem ser mediados por um profissional ou formado apenas por vítimas, que oferecem apoio mútuo.
Esse tipo de auxílio é complementar a uma ajuda profissional. O melhor é que o grupo atue como complemento de um trabalho com o psicólogo.
Conclusão
Como você viu, há muitas chances de que alguém ao seu lado esteja passando por um relacionamento abusivo. É preciso prestar atenção aos sinais. Por mais que um relacionamento tenha seus problemas, o parceiro não deve ser manipulador e agressor em hipótese alguma. Se você estiver passando por essa situação, procure ajuda.
E se conhece alguma mulher que esteja passando por esse mesmo problema, não ignore: meta a colher sim!
E então, gostou do post?
Então continue aqui no blog e confira outros artigos que também vão ajudá-la a entender mais assuntos sobre sexo e relacionamentos!Super beijo!
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