Você por acaso já ouviu falar em vaginose bacteriana? Ela é uma infecção que acomete muitas mulheres e poucas sabem como identificá-la e, muito menos, como se prevenir.

Se você quer saber a fundo que problema é esse e o que fazer para solucioná-lo, continue essa leitura comigo, que vou te mostrar como identificar os sintomas e buscar o tratamento correto, caso você esteja sofrendo de vaginose bacteriana.  

Cheiro ruim na vagina? Pode ser vaginose bacteriana

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É importante você saber que o nosso corpo é povoado por bactérias, 57% das células presentes em nosso organismo não são humanas: são vírus, bactérias, fungos e arqueas.

Ei, não precisa se assustar, pois quando todos esses micro-organismos estão em equilíbrio, não existem ameaças à saúde. 

Maaaaas, sempre tem uma “mas”… Você tem que ficar atenta às alterações do seu corpo, pois elas sim podem causar uma série de problemas, como a vaginose bacteriana que é causada pela bactéria Gardnerella vaginalis que faz parte da microbiota natural feminina.

O que é vaginose bacteriana?

A vaginose bacteriana é uma infecção causada por um desequilíbrio na microbiota vaginal da mulher.

Funciona assim: como expliquei inicialmente, o nosso corpo é povoado por um número praticamente incontável de bactérias e outras criaturas microscópicas que vivem em harmonia no nosso corpitcho. 

Muitas dessas espécies vivem em locais específicos, na nossa boca, na vagina, no intestino, e assim por diante.

microbiota vaginal - flora vaginal da mulher

O conjunto de bactérias típicas de uma parte do corpo é chamada de microbiota. Então, a microbiota vaginal, comumente chamada de flora vaginal, é formada pelas espécies de bactérias que normalmente vivem nessa região. 

Em equilíbrio, cada uma vive e desempenhando suas funções que são essenciais para a nossa saúde.

No entanto, pode sim ocorrer o desequilíbrio da microbiota. Não é algo anormal de acontecer, por isso é tão importante visitar o seu médico ginecologista regularmente para ver se está tudo certo.

Fato é, uma espécie pode deixar de crescer, enquanto outras se tornam predominantes. É exatamente isso que acontece no caso da vaginose bacteriana, causando uma infecção.

Muitas vezes, a bactéria que se torna predominante é a Gardnerella Vaginalis, uma bactéria que se destaca como uma das principais causas da vaginose.

Outros microorganismos geralmente associados ao problema são a Ureaplasma, infecção bacteriana muito comum, causada pela bactéria ureaplasma urealyticum, que afeta até 70% das mulheres e dos homens.

Qual é a causa da vaginose bacteriana?

Entenda o que causa da vaginose bacteriana

A causa principal da vaginose bacteriana é orgânica, ou seja, a mulher não é contaminada por um fator externo. O fato de seus lactobacilos diminuírem é que deixa espaço para o crescimento da bactéria que provoca a infecção. Por isso, essa doença não é considerada sexualmente transmissível (DST).

Porém, alguns comportamentos facilitam essas alterações na microbiota vaginal e consequentemente, o surgimento da infecção. A incidência do problema pode ser aumentada quando a mulher: 

  • Faz uso do DIU;
  • É fumante;
  • Tem o hábito de realizar duchas vaginais;
  • Pratica relação sexual sem proteção depois do sexo anal.
  • Tem múltiplos parceiros e não usa proteção;
  • Faz uso de muitos medicamentos.

Quais são os sintomas da vaginose bacteriana?

Os sintomas da vaginose bacteriana causam desconforto e são facilmente perceptíveis. O primeiro deles é um corrimento vaginal homogêneo, que tem uma cor branca-acinzentada. Porém, sua principal característica é um cheiro fétido, semelhante ao de peixe podre. 

Algumas mulheres relatam também coceira ou ardor na vagina, além de dores durante a relação sexual (dispareunia). O cheiro também pode piorar depois da transa, o que causa um grande constrangimento para a paciente.

Conheça quais são os sintomas da vaginose bacteriana

Como é feito o diagnóstico da vaginose bacteriana?

Diante dos sintomas e desconfortos, a mulher precisa ir ao ginecologista e relatar seu problema. Como em qualquer procedimento de rotina, o médico avalia a paciente no consultório e também a encaminha para exames laboratoriais.

Os exames são extremamente importantes para o diagnóstico deste problema. Os sintomas da infecção são muito parecidos com o de outra doença vulvovaginal: a candidíase. Porém, existe uma grande diferença: enquanto a vaginose é causada por bactérias, são os fungos que provocam a candidíase.

Além disso, as mulheres com candidíase não costumam apresentar corrimento com cheiro forte. Ele é espesso e causa coceiras, mas sem apresentar o odor de peixe podre que tanto incomoda as mulheres durante a vaginose bacteriana.

Depois da coleta de células do interior da vagina no consultório ou em laboratório, os técnicos conseguem detectar facilmente se o problema é causado pelas bactérias.

Eles analisam as células do epitélio (parede da vagina). Se elas estiverem com aspecto pontiagudo, isso significa que há bactérias aderentes em sua superfície.

Além disso, os técnicos também utilizam recursos que mostram se existem poucos lactobacilos ou até mesmo nenhum. Outro sinal é o pH da vagina se torna mais alto, com valores superiores a 4,5. Normalmente, esse pH fica entre 3,8 e 4,2.

Portanto, é fundamental realizar os exames solicitados pelo médico.

Eles apontarão claramente que tipo de micro-organismo que está causando os sintomas, permitindo que a paciente tenha uma prescrição de medicamento correta e adequada para solucionar seu problema.

Saiba como é feito o diagnóstico da vaginose bacteriana

Qual é o tratamento para vaginose bacteriana? 

Em um terço dos casos, a vaginose bacteriana simplesmente regride sozinha. Existe uma recomposição da microbiota vaginal, aumento do número de lactobacilos e consequentemente, o controle da proliferação de outros microrganismos.

Porém, em outros casos é necessário recorrer ao ginecologista. Depois do diagnóstico preciso, o médico prescreve remédios para combater as infecções e também para aliviar os sintomas. Os remédios, seja em forma de comprimidos ou pomadas, precisam conter antibióticos eficazes para combater a bactéria detectada.

Além das mulheres com sintomas de vaginose bacteriana, é preciso tratar também as assintomáticas que pretendem passar por cirurgias, especialmente ginecológicas.

Algumas mulheres sofrem com a vaginose bacteriana recorrente, ou seja, a infecção volta constantemente. Nesses casos, elas precisam fazer um tratamento mais prolongado, que pode durar entre 4 a 6 meses. Além disso, é interessante associar a aplicação de probióticos ao medicamento convencional. 

Como a vaginose bacteriana não é uma doença sexualmente transmissível, não é necessário tratar os parceiros que a mulher tem ou teve. No entanto, durante o período em que estiver utilizando os medicamentos, ela deve usar preservativo em todas as suas relações sexuais.

A vaginose bacteriana pode se tornar um problema grave?

Embora seja uma infecção simples e facilmente tratável, algumas pacientes podem ter um quadro grave devido à vaginose bacteriana. Isso acontece quando o sistema imunológico está muito enfraquecido e não existe um combate às bactérias antes que elas cheguem a outros órgãos.

As complicações mais comuns são o avanço da infecção para o útero, tubas uterinas, ovários e cérvice, ou seja, o chamado trato genital superior. Nesse caso, as bactérias causam uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP). 

Nesses casos, a mulher sente dor na parte de baixo do abdômen, corrimento e acontecem ainda sangramentos vaginais irregulares. Abcessos também podem aparecer e, a longo prazo, a paciente pode ter dor pélvica crônica, gestações ectópicas (gravidez tubária ou fora do útero) e infertilidade. 

A vaginose bacteriana também facilita a infecção por outras doenças sexualmente transmissíveis tanto por bactérias como por vírus.

Alguns exemplos são a clamídia, gonorreia, herpes e até mesmo a AIDS.

Porém, as consequências da vaginose bacteriana podem atingir não só a mulher. Caso ela esteja grávida, existe um risco maior de parto prematuro ou do nascimento da criança com baixo peso, o que exige uma série de cuidados.

Vale a pena destacar que essas consequências mais graves só acontecem com a evolução da infecção. Ela deixa de ser apenas uma vaginose bacteriana e atinge outros órgãos, transformando-se na DIP. Esse é mais um motivo para ficar de olho nos sintomas e, diante dos primeiros sinais, procurar o médico para o diagnóstico.

A vaginose bacteriana pode se tornar um problema grave se não for tratada

Como evitar a vaginose bacteriana?

Embora haja tratamento fácil para a vaginose bacteriana, a melhor solução para um problema é evitá-lo, concorda comigo?

Afinal, mesmo sabendo da possibilidade de tomar medicamentos e acabar com a infecção, a mulher precisa conviver com os sintomas até ir ao médico e obter o resultado dos exames para tratar o problema, então o melhor a se fazer é se prevenir!

Exercícios de ginástica íntima:

Uma prática que ajuda muitas mulheres a se prevenir de infecções vaginais, são os exercícios de ginástica íntima.

A prática regular ajuda a tratar e prevenir muitos problemas da saúde íntima feminina como a frouxidão vaginal, vaginismo, incontinência urinária, anorgasmia, além das infecções vaginais.

Pratique ginástica íntima para desfrutar dos benefícios

Além da ginástica íntima, selecionei algumas dicas para ajudá-la a cuidar bem da sua microbiota vaginal, evitar esse desequilíbrio e as infecções que acontecem como consequência. 

1. Evite as duchas vaginais

A higiene íntima deve ser feita com cuidado. Exagerar na limpeza também não faz bem, pois existe uma delicada microbiota vaginal que precisa ser preservada e mantida em equilíbrio.

Por isso, evite as duchas e lavar a região pélvica apenas com água e aplicação de sabonete na área externa.

Evite o uso de duchas vaginais. A higiene íntima deve ser feita com cuidado. Exagerar na limpeza também não faz bem!

2. Evite a contaminação

Como já falei, o corpo tem um número incontável de bactérias, mas cada uma fica em seu próprio lugar. Um micro-organismo essencial para o funcionamento do intestino, por exemplo, pode causar problemas se for parar na boca, no estômago ou na vagina.

Para evitar a contaminação, limpe-se da frente para trás quando for ao banheiro.

Isso evitará que as bactérias do ânus cheguem à região da vulva. Também é importante não utilizar bidês e outros locais que possam trazer bactérias estranhas ao trato vaginal.

3. Use preservativos

Usar preservativos quando se pratica sexo com vários parceiros já é algo essencial. Afinal, a vaginose bacteriana é o menor dos problemas que uma pessoa pode ter.

Não usar camisinha é um comportamento sexual de risco e esse alerta não tem nada a ver com moralidade, e sim com o autocuidado.

Use preservativo e se proteja de invenções vaginais como a vaginose bacteriana

4. Realize exames periódicos

Algumas mulheres estão com a microbiota vaginal desequilibrada, mas no momento apresentam um quadro assintomático. A visita anual ao ginecologista e exames preventivos detectam a presença de micro-organismos mesmo no início da infecção.

Assim o problema é tratado precocemente, evitando que atinja outros órgãos ou que se torne muito mais sério diante de uma queda na imunidade.

A vaginose bacteriana é uma infecção simples, mas que pode evoluir e causar sérios problemas à saúde íntima da mulher.

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Um super beijo!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.

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