Há uma variedade de doenças sexualmente transmissíveis que podem ser potencialmente perigosas. Uma das mais comuns é a infecção por HPV, um vírus silencioso que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. Afeta principalmente o sexo feminino e é o causador do câncer de colo de útero, responsável por 265 mil mortes de mulheres por ano. Por não apresentar sintomas, muitas pessoas são contaminadas e só vão descobrir anos depois, quando desenvolvem problemas mais graves.. Hoje vamos falar um pouco sobre essa doença, os principais tratamentos, principalmente as formas de prevenção. Vamos lá?

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A infecção pelo vírus HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, há em torno de 600 milhões de pessoas infectadas ao redor do planeta. Além disso, cerca de  75% e 80% da população adquirem um ou mais tipos de HPV em algum momento da vida. As DSTs estão entre as dez principais causas de procura por serviços de saúde no mundo.

No texto de hoje vamos falar sobre:

  • O que é HPV
  • Tipos de HPV
  • Contágio
  • Fatores de Risco
  • Sintomas
  • Doenças provocadas pelo HPV
  • Diagnóstico
  • Tratamento
  • Prevenção
  • Vacinação
  • Proteja-se

O que é HPV?

O papilomavírus humano, conhecido também como HPV, é um vírus que se instala na pele ou em mucosas e afeta tanto homens quanto mulheres. O HPV foi descrito pela primeira vez em 1935 pelo Dr. Francis Peyton Rous, que demonstrou a existência de um vírus com oncogênico (capaz de induzir a formação de tumores) que causou câncer na pele de coelhos; e cuja descrição coincidiu com o papilomavírus. Atualmente, a infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente, ou seja, é a principal infecção viral transmitida pelo sexo.

Tipos de HPV

Existem 150 tipos diferentes de HPV e desse total 30 a 40 podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando diversas doenças. Eles são divididos em dois grandes grupos:

HPV de baixo risco oncogênico – Geralmente associados às lesões benignas. Os mais comuns são os tipos 6 e 11 que causam aproximadamente 90% das verrugas genitais – um dos problemas de saúde mais comuns com taxas crescentes em todo o planeta – e cerca de 10% das lesões de baixo grau do colo do útero.

HPV de alto risco oncogênico – Podem causar lesões precursoras de câncer. Existem 15 neste grupo, porém os mais comuns são os tipos 16 e 18, que causam a maioria dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo (cerca de 70%). Eles são responsáveis também por até 90% dos casos de câncer de ânus, até 60% dos cânceres de vagina e até 50% dos casos de câncer vulvar.

Contágio

O vírus do HPV é altamente contagioso e uma pessoa pode ser infectada em uma única exposição. O contágio pode ocorrer através de contato direto com a pele infectada. A transmissão ocorre por contato direto com a pele infectada e ao contrário de outras DSTs, pode ocorrer mesmo sem a penetração vaginal ou anal e sem a troca de fluídos corporais. Em casos mais raros, o vírus também pode ser transmitido por meio de contato com mão, pele, objetos, roupas íntimas e até pelo vaso. Também pode haver transmissão durante o parto.

Como muitas pessoas portadoras do HPV não apresentam nenhum sinal ou sintoma, elas não sabem que têm o vírus e acabam infectando os parceiros.

Fatores de risco

Fatores que aumentam o risco de se infectar com o HPV incluem:

  • Relações com diferentes parceiros
  • Manter contato sexual sem proteção ou sem uso de preservativos
  • Imunossupressão (sistema imunológico baixo)
  • Início da vida sexual precoce
  • Presença de outras doenças sexualmente transmissíveis

Além disso, alguns fatores podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de câncer do colo do útero, que é associado ao HPV, entre eles:

  • Sobrepeso
  • Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais
  • Múltiplas gestações
  • Histórico familiar de câncer do colo de útero
  • Infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia)
  • Tabagismo
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Sintomas

Na maioria dos casos, o HPV não apresenta sintomas e é eliminado pelo organismo espontaneamente. Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverá alguma forma de manifestação. No entanto, quando a infecção não é curada e, dependendo do tipo de HPV envolvido, podem aparecer alguns sinais.

Nas mulheres, o papilomavírus pode causar o aparecimento verrugas genitais, que podem ser de vários tamanhos – planos ou elevados – e que o médico pode observar a olho nu. Elas podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Nos homens, as verrugas podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta, em ambos os sexos. Se nenhum tratamento for seguido, ao longo do tempo, essas verrugas podem desaparecer, permanecer inalteradas ou crescer e se multiplicar.

Doenças provocadas pelo HPV

Verrugas vaginais

São erupções da pele, de cor branca ou avermelhada e geralmente aparecem nos genitais externos ou próximas ao ânus, em homens e mulheres. Em casos mais raros podem aparecer dentro da vagina e ânus ou no colo do útero. Muitas vezes, essas erupções causam sintomas como ardor, coceira ou corrimento. Elas podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma pessoa infectada.

Câncer de colo de útero

É um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, que se localiza no fundo da vagina. Essas alterações, chamadas de lesões precursoras, são totalmente curáveis na maioria das vezes. No entanto, se não tratadas, após muitos anos, se transformam em câncer.

O câncer de colo do útero se manifesta em qualquer idade da vida de uma mulher. Cerca de metade de todas as mulheres diagnosticadas com a doença tem entre 35 e 55 anos de idade. Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade.

Outras doenças

O HPV tem sido relacionado a outros tipos de cânceres. Entre eles estão o câncer de vagina, câncer de vulva (parte externa dos genitais femininos que envolve a abertura da vagina) e orofaringe. A infecção por HPV pode ainda causar, em homens e mulheres, o câncer de ânus, que pode ter início tanto na parte interna quanto na externa.

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Diagnóstico

As verrugas genitais podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). No entanto, muitas  pessoas não apresentam sinal ou sintoma quando infectadas e podem transmitir o vírus sem saber, pois ele pode ficar na pele humana em estado latente (sem manifestações) por anos. Por isso, são necessários exames de rotina, feitos por ginecologistas, urologistas e proctologistas. Veja alguns:

Papanicolau

A maioria das mulheres descobre que tem HPV através do exame de Papanicolau, exame preventivo mais comum, que ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo de útero. Considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero, identifca entre 80% e 95% dos casos da doença. É recomendável que as mulheres realizem o exame anualmente a partir dos 25 anos.

Colposcopia

Feito com um aparelho chamado colposcópio, que aumenta de 10 a 40 vezes o poder de visão do médico. Esse exame permite identificar  lesões na vulva, vagina, colo do útero e região anal. Indicada nos casos de resultados anormais do exame de Papanicolau. Após a localização das regiões com suspeita de doença, um fragmento de tecido (biópsia) é removido para confirmação diagnóstica.

Detecção Molecular

Captura híbrida: teste de biologia molecular, que investiga a presença de um conjunto de HPV de alto risco, por meio da detecção de seu DNA.

PCR (reação em cadeia da polimerase): esse teste detecta, por meio de métodos de biologia molecular com alta sensibilidade, a presença do genoma dos HPV em células, tecidos e fluídos corporais.

Tratamento

A forma de tratamento depende de fatores como a idade do paciente, o tipo, a extensão e a localização das lesões. Veja a seguir:

  • Verrugas – As verrugas genitais externas podem ser removidas por laser, crioterapia (congelamento) ou cirurgia com uso de anestésicos locais. Há tratamentos com substâncias químicas, como podoflina e seus derivados e ácido tricloroacético. No entanto, as verrugas podem voltar várias vezes em até 50% dos casos, exigindo muitas aplicações, ao longo de semanas ou meses.
  • Câncer  de colo de útero – Quando o câncer está restrito ao revestimento do colo do útero (carcinoma in situ), geralmente o médico é capaz de removê-lo totalmente, retirando parte do colo do útero. Quando se encontra em um estágio mais avançado, é necessária a realização da histerectomia radical (cirurgia para a retirada do útero e das estruturas adjacentes) e a remoção dos linfonodos. Caso o câncer não tenha se disseminado além da região pélvica, o tratamento poderá ser feito através de radioterapia.

Prevenção

A prevenção é o melhor caminho para diminuir os casos de HPV, além de apresentar uma melhor relação custo-benefício. Veja algumas medidas simples, que podem ajudar a impedir o contágio:

  • Uso do preservativo (camisinha) nas relações sexuais
  • Evitar ter muitos parceiros ou parceiras sexuais
  • Realizar a higiene pessoal
  • Vacinar-se contra o HPV
  • Realizar exames periódicos
  • Ter hábitos de vida saudáveis.
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Vacinação

A vacina estimula a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período.

Segundo a OMS, a vacinação é a principal forma de prevenção contra o HPV, já que o uso da camisinha ajuda, mas não garante proteção total contra o contágio. No Brasil, dois tipos de vacina foram aprovadas.

  • Vacina Bivalente – protege contra o HPV dos tipos 16 e 18, e deve ser tomada em três doses. É indicada para meninas e mulheres acima de 9 anos e sem limite de idade, por oferecer cobertura preventiva contra aproximadamente 70% de câncer e lesões
  • Vacina Quadrivalente – protege contra o HPV dos tipos 6, 11, 16 e 18, e também deve ser tomada em três doses. É a única indicada para uso em ambos os sexos, na faixa etária de 9 a 26 anos e oferece proteção para cânceres e lesões pré-cancerosas de colo do útero, ânus, vulva e vagina.

Atenção: A vacina não substitui o exame de prevenção de câncer de colo do útero. Mesmo as mulheres que estão imunizadas devem continuar a realizar o Papanicolaou rotineiramente. Também é bom lembrar que a vacina não é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou lesões já existentes.

Campanhas de vacinação

Com o objetivo ajuda de prevenir o aparecimento do câncer do colo de útero, quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no país, o  Governo Federal, o Ministério da Saúde e o SUS realizam anualmente a campanha de vacinação contra o HPV.

Desde 2014, época da inclusão da vacina HPV no Calendário Nacional de Imunização, o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, vem realizando ações voltadas para o alcance das metas de coberturas vacinais (80%) na população alvo. Para isso, estão sendo realizadas parcerias com as sociedades científicas e trabalho conjunto com igrejas, organizações não-governamentais e com a mídia. O objetivo é esclarecer sobre o HPV como problema de saúde pública no país e a importância da vacinação, como estratégia para prevenção dos cânceres de colo uterino, vulva, pênis, ânus e orofaringe.

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Ampliação da campanha

Até 2016, o público-alvo da campanha de vacinação eram meninas de 9 a 15, porém em 2017, ela passou a contemplar também meninos de 11 a 15 anos.Também passaram a ter direito a vacina, homens e mulheres transplantados e oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia. Além disso, cerca 200 mil crianças e jovens, de ambos os sexos, de 9 a 26 anos vivendo com HIV/aids, também passaram a se vacinar contra HPV.

Baixa procura

Apesar da ampliação do público, a procura pela vacina continua baixa. Um dos motivos é o preconceito de alguns pais, que acreditam que vacinar uma criança ou adolescente  contra uma doença sexualmente transmissível pode incentivar a uma iniciação sexual precoce. O Ministério da Saúde também enfrenta outras dificuldades, como a resistência desse grupo etário de buscar uma unidade de saúde, especialmente para vacinar-se e o baixo conhecimento sobre a importância da vacinação.

Novas mudanças e novo público alvo

No segundo semestre de 2017, o Ministério da Saúde anunciou novas mudanças: a ampliação da vacinação de HPV para homens e mulheres até 26 anos. A medida, de caráter temporário, será realizada em municípios com estoques disponíveis nos serviços de vacinação e que apresentam data de validade até o mês de setembro.

Com o fim desses estoques, a orientação do Ministério da Saúde é que a vacina continue sendo administrada apenas no público-alvo (9 a 15 anos).

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Proteja-se

Lidar com um problema como a infecção como o HPV não é fácil. O diagnóstico pode provocar frustração e ansiedade, impactando seriamente a rotina de uma pessoa. Além do desconforto de passar por tratamentos prolongados e às vezes dolorosos. Há também questões de cunho psicológico, como vergonha e culpa. Por isso, o melhor é ser precavida e sempre usar preservativos, estar com a vacinação em dia e passar por exames periódicos.

Caso você desconfie que está com HPV, procure imediatamente um médico para tratar do problema e evitar que ele possa desenvolver para algo mais grave. Converse  com o seu parceiro e explique o seu problema, para que ambos possam tomar as devidas providências. Lembre-se: a sua saúde sempre deve vir em primeiro lugar.

Estou aqui para lembrar que o Governo Federal estendeu a vacina para jovens (homens e mulheres) até 26 anos. Os lotes das vacinas irão vencer dia 4 de setembro, por isso corra para ir ao posto de vacina mais próximo!

Super beijo!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.

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