Você já ouviu falar de vaporização vaginal? Ela virou sensação nos Estados Unidos e Europa devido a relatos de celebridades que aderiram a prática. Artistas como Gwyneth Paltrow apontam uma variedade de benefícios, que vão desde aliviar o desconforto da menstruação até a melhora na fertilidade. No entanto, especialistas alertam que não há evidências científicas que provem que a vaporização vaginal funcione. Mas afinal, do que se trata essa prática? Como ela é feita? Veja tudo o que você precisa saber sobre vaporização vaginal.
No texto de hoje vamos falar sobre:
- Como funciona a vaporização vaginal?
- Como surgiu?
- Benefícios relacionados à vaporização vaginal
- Realmente funciona?
- Ervas usadas na vaporização vaginal
- Médicos alertam
- Efeito placebo
- Quanto custa
- Vale a pena?
Como funciona a vaporização vaginal?
A vaporização vaginal consiste em sentar sobre uma bacia de água quente que geralmente contém ervas adicionadas, isso permite que a região genital receba um “banho de vapor”.
As pessoas que praticam o vapor vaginal acreditam que as ervas podem penetrar nos tecidos vaginais e oferecer uma variedade de benefícios. O tratamento geralmente dura entre 20 e 45 minutos e pode ser feito em spas ou em casa.
Como surgiu?
A vaporização vaginal não é uma coisa nova. O tratamento é antigo e respeitado pelos curandeiros tradicionais em todo o mundo e promete remediar quase todos os aspectos da patologia uterina. Também é conhecido como yoni steaming (yoni é a palavra sânscrita para útero ou vagina) e é usado para limpar e revitalizar o útero, reduzindo efetivamente o desconforto associado à menstruação.
Ela tem sido usada em círculos holísticos de saúde por décadas, principalmente na Coreia. A prática ganhou destaque após a atriz Gwyneth Paltrow revelar que é fã de vaporizar a vagina. Depois disso, a vaporização vaginal começou a ficar cada vez mais famosa e diversos especialistas começaram a brotar em todos os lados.
Benefícios relacionados à vaporização vaginal
Alguns dos benefícios relatados da vaporização vaginal incluem:
- Reduzir significativamente o desconforto, o inchaço e a exaustão associados aos ciclos mensais
- Diminuir o fluxo menstrual, bem como reduzir o sangue roxo ou marrom escuro no início ou no final da menstruação
- Regular ciclos menstruais irregulares ou ausentes
- Aumentar a fertilidade, especialmente quando combinada com massagem abdominal maia
- Acelerar a cicatrização e tonificar o sistema reprodutivo após o nascimento
- Tratar miomas uterinos, cistos ovarianos, fraqueza uterina e prolapso uterino
- Ajudar com a cura de hemorróidas
- Tratar infecções vaginais/leveduras crônicas e manter o odor saudável
- Aliviar os sintomas da menopausa
Realmente funciona?
De acordo com os profissionais que oferecem a vaporização vaginal, os tecidos da vagina são excepcionalmente porosos e absorventes, e o calor do vapor funciona para amolecê-los e abri-los. Quando as ervas são colocadas na água quente, suas propriedades medicinais, incluindo óleos voláteis, são liberadas e levadas para a superfície da pele e para o interior da vagina, onde são absorvidas pela corrente sanguínea e, finalmente, o útero.
Segundo quem oferece o tratamento, o vapor de ervas medicinais aumenta a circulação, dilui o muco e limpa todo o sistema reprodutivo, permitindo que ele derrame membranas e acúmulos desnecessários. Ao fazê-lo, apoiamos o útero a funcionar no seu melhor, reduzindo assim a quantidade de trabalho que tem que fazer e, portanto, o seu desconforto.
Ervas usadas na vaporização vaginal
- Alecrim: Aumenta a circulação nos órgãos reprodutivos, ajuda na limpeza de fluidos antigos e também é anti-séptico e purificador.
- Lavanda: Uma das ervas mais relaxantes, acalma a mente e o corpo, nutrindo o sistema nervoso. Lavanda é anti-séptico para os tecidos vaginais. É também um antiespasmódico, auxiliando na função uterina saudável.
- Orégano: usado para provocar a menstruação. Aumenta o fluxo escasso. Esta erva é usada por suas qualidades anti-sépticas, estimulantes e fortalecedoras. O orégano é uma erva maravilhosa para auxiliar na prevenção de infecções.
- Marigold: Usada para induzir a transpiração, limpeza dos tecidos vaginais. Também cura feridas e ajuda na cicatrização de tecidos devido à episiotomia ou ruptura vaginal. Nota: Não vaporize uma ferida aberta, isso pode causar dor e inchaço.
- Manjericão: pode reduzir a menstruação dolorosa. Ajuda a provocar a menstruação.
- Pétalas de rosa: pétalas de rosa são suaves e adstringentes aos tecidos dos genitais.
Outras ervas usadas em combinação com as ervas acima: Folha de Bardana, Mamona, Erva de São João, Milefólio, Trevo Vermelho, Damiana, Camomila, Dente de Leão, Doca Amarela e Videira de Squaw.
As ervas da Medicina Tradicional Chinesa usadas com frequência são Artemísia e Absinto.
Médicos alertam
No entanto, apesar dos possíveis benefícios, os médicos alertam para os possíveis perigos da prática. Veja alguns deles:
Pode alterar o equilíbrio da sua vagina
A vagina não precisa de uma limpeza profunda ou de uma desintoxicação. Intervenções adicionais, como vapor vaginal ou ducha vaginal, não são necessárias para manter a saúde vaginal. Manter a vagina limpa, seca e livre de perfumes é a melhor maneira de manter a vagina saudável. É um mito que a vagina precisa de uma limpeza extensiva, pois ela se limpa para com secreções naturais.
Proliferação de bactérias
Outro risco é o aquecimento da vagina. Quando a temperatura normal (37ºC) é elevada, isso pode aumentar a proliferação de bactérias maléficas e de fungos, como os causadores da candidíase genital, que causa coceira, vermelhidão e inchaço nos órgãos sexuais.
Alteração da flora bacteriana
A vagina contém boas bactérias, que estão lá para protegê-la e manter o equilíbrio do PH. Se estas bactérias forem perturbadas, podem causar infecções como vaginose bacteriana e inflamação. A vaporização vaginal pode afetar esse equilíbrio saudável de bactérias.
Pode causar irritação
A maioria dos tratamentos de vapor usará ervas que prometem fazer de tudo, desde equilibrar os hormônios até desintoxicar o útero. No entanto, o vapor de um chá de ervas é incapaz de fazer qualquer uma dessas coisas.
A alegação de que o vapor limpo pode equilibrar os hormônios é irracional. Os hormônios são produzidos por órgãos como o cérebro e os ovários, viajam pela corrente sanguínea e têm efeitos específicos em seus órgãos-alvo. Vaporizar a vagina não pode afetar os níveis hormonais.
Além disso, o vapor precisaria ser aplicado com grande pressão para ter alguma chance de alcançar o seu útero. O mais provável é que essas ervas possam causar irritações.
Pode queimar
Pode parecer meio óbvio, porém, se não houver cuidado na prática, o vapor direcionado para sua vagina provavelmente vai queimar os lábios da vulva. A área vaginal é sensível e esses tipos de queimaduras podem ser dolorosos e difíceis de tratar. Se você se arriscar na prática, é melhor ter extrema cautela para reduzir o risco de queimaduras.
Vapor pode não ser uma boa ideia
A vagina é mantida naturalmente bem lubrificada com substâncias oleosas. A água não é hidratante para as células. Pelo contrário, ela pode lavar os óleos naturais, deixando a vagina mal lubrificada e mais propensa a cortes e irritações.
Efeito tonificador questionável
O efeito tonificador da vagina também é alvo de dúvidas. De acordo com Virgínia Beckett, do Royal College de Obstetras e Ginecologistas, a tonificação vem dos músculos, por isso não haveria como vaporização tonificar a vagina.
Efeito placebo?
Apesar de algumas mulheres terem notado melhorias na saúde, especialistas afirmam que ainda não há evidências científicas que corroborem esses benefícios. Para a ciência, a sensação provocada pela vaporização está relacionada ao efeito placebo, ou seja, a atividade apresenta resultados por exercer efeitos psicológicos, uma vez que as adeptas acreditam que funciona.
O placebo, que pode ser medicamento ou terapia sem efeitos terapêuticos, é muito usado em estudos científicos para avaliar a eficácia de possíveis tratamentos.
Quanto custa?
Apesar de ser amplamente usada em países como Estados Unidos e Inglaterra, a técnica não é aprovada pelas agências de saúde locais que regulam este tipo de terapia. Mesmo assim, elas são oferecidas em diversos spas. No Reino Unido a sessão custa por cerca de 35 libras (185 reais), já nos Estados Unidos a faixa de preço gira em torno dos 50 dólares (200 reais). No Brasil, os banhos de vapor estão disponíveis em spas ou em kits caseiros vendidos em lojas especializadas e custam a partir de 10 reais.
Vale a pena?
A resposta é pessoal, mas eu diria para você pensar seriamente antes de tentar essa prática. A vaporização vaginal não traz nenhum dos benefícios prometidos e pode realmente causar-lhe danos. Não experimente algo que você não está 100% segura, não importa quantas celebridades o façam. Uma última dica: pare de esperar que sua vagina esteja sempre cheirando a rosas – é uma vagina. Ela deve ser úmida,cheirar como uma vagina e não precisa de perfumes, vapores, nem nada parecido. Por isso, não vale a pena experimentar algo que pode ser apenas uma moda pode afetar a sua saúde.
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